quarta-feira, 23 de julho de 2014

Evaldo Cabral e Zuenir Ventura disputam a ABL

por Roberta Pennafort - AE

O jornalista Zuenir Ventura e o historiador Evaldo Cabral de Mello vão oficializar esta semana suas candidaturas à sucessão de João Ubaldo Ribeiro na Academia Brasileira de Letras. Ubaldo morreu na última sexta-feira, 18.

A sessão da saudade, que marca a abertura das candidaturas, seria na quinta-feira, 24, mas foi antecipada para esta quarta-feira, 23, por conta da mesa-redonda que celebrará o centenário do acadêmico Evaristo de Moraes Filho. Após a sessão, qualquer brasileiro nato com ao menos um livro publicado pode se inscrever para o pleito, pelo período de um mês. As eleições deverão ser em outubro ou novembro.

A disputa deverá ser mesmo polarizada entre Zuenir, jornalista de 83 anos e autor de best-sellers como 1968: O Ano que Não Terminou e Cidade Partida, e Cabral, de 78 anos e considerado um dos maiores historiadores brasileiros vivos. O primeiro tem cabos eleitorais como Arnaldo Niskier e Merval Pereira; o segundo, Eduardo Portella e Alberto da Costa e Silva.

Os últimos eleitos tiveram mais facilidade: Antônio Torres, que entrou na vaga deixada por Luiz Paulo Horta (1943-2013), e Fernando Henrique Cardoso, que sucedeu João de Scantimburgo (1915-2013), concorreram apenas com candidatos nanicos, sem relevância nacional. Este deve ser o caso de Ferreira Gullar, cuja vitória é dada como certa na eleição para a cadeira de Ivan Junqueira, que morreu no último dia 3.

"Na última eleição, eu tinha resolvido me candidatar, mas como o Antônio Torres, que é meu amigo, estava disputando, eu retirei, pra abrir espaço para ele. Ubaldo era meu amigo, a morte dele foi um choque, então não quero me antecipar muito. Candidato não deve ficar dando entrevista", disse Zuenir.

"Encaro a concorrência naturalmente. Infelizmente, não tive o prazer de conhecer o Ubaldo", comentou Cabral, irmão do poeta João Cabral de Melo Neto (1920-1999), que foi da ABL. Ele não cogitou se candidatar na sucessão do irmão. "Eu não aceitaria. As vagas na ABL não são de família".



Fonte: Estadão Conteúdo

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Zuenir Ventura e Milton Hatoum contam suas experiências do regime militar


Com mediação do comentarista e cronista Sérgius Gonzaga, Zuenir e Hatoum foram questionados sobre suas atividades na literatura e no jornalismo, no período da ditadura militar, para um auditório lotado de escritores locais, fãs e estudantes, que também tiveram oportunidade de fazer perguntas.
Emocionado por ter seu nome no principal espaço da Feria do Livro de Canoas, Zuenir Ventura destacou a receptividade dos canoenses e comentou seu livro “1968: O Ano que Não Terminou”, que retrata fatos conturbados que marcaram o Brasil e o mundo no ano que nomeia a obra. Este livro foi descrito por Sérgius como “uma síntese de jornalismo e história”.

Gerações
O escritor paraibano, que atualmente mora no Rio de Janeiro e é colunista do Jornal O Globo, também falou sobre a obra complementar “1968: O que fizemos de nós”, que faz o comparativo entre as gerações das décadas de 1960 e 2000. Com essa experiência, contou ele, chegou até a ir a uma festa rave. Sobre a principal diferença entre uma e outra geração, Zuenir Ventura citou a sintonia que existia no mundo na década de 1960, que não existe nas atuais tribos que denominam os jovens contemporâneos.
Com o humor sutil que lhe caracteriza, Zuenir Ventura ainda lembrou sua época de estudante universitário e os importantes professores que passaram por sua vida, entre eles o poeta Manuel Bandeira. O convidado de honra da Feira destacou que “o professor pode fazer muito pela leitura”. 

Adaptação
Hatoum, escritor amazonense, que terá seu best seller “Dois irmãos” adaptado para a TV, confidenciou que começou sua carreira como escritor de romances durante o exílio, na Espanha, e comentou que a narrativa de "Dois Irmãos" deve muito a Machado de Assis, um de seus escritores preferidos, ao lado de Graciliano Ramos e Guimarães Rosa. “Os jovens precisam aproveitar mais os clássicos”, afirmou, salientando também que a boa leitura não pode estar relacionada com a obrigação. “A pior coisa é obrigar alguém a ler”, reforçou.

Zuenir Ventura e Milton Hatoum elogiaram a Feira, destacando que iniciativas como essa possibilitam a divulgação de escritores de todo o Brasil e possibilitam a aproximação com o público.
Esta atração da Feira integrou o DNA do Brasil - 50 Anos do Golpe Militar, projeto desenvolvido pela Secretaria Municipal da Cultura (SMC), com apoio do Unilasalle.

Crédito da notícia: Jornalista Rosilaine Pinheiro - MTE 17242
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EVALDO CABRAL DE MELLO
Nasceu no Recife em 1936 e atualmente mora no Rio de Janeiro. Estudou Filosofia da História em Madri e Londres. Em 1960, ingressou no Instituto Rio Branco e dois anos depois iniciou a carreira diplomática. Serviu nas embaixadas do Brasil em Washington, Madri, Paris, Lima e Barbados, e também nas missões do Brasil em Nova York e Genebra e nos consulados gerais do Brasil em Lisboa e Marselha. É um dos maiores historiadores brasileiros, especialista em História regional e no período de domínio holandês em Pernambuco no século XVII, assunto sobre o qual escreveu vários livros, como Olinda restaurada (1975), sua primeira obra, Rubro veio (1986), sobre o imaginário da guerra entre Portugal e Holanda, e O negócio do Brasil (1998), sobre os aspectos econômicos e diplomáticos do conflito entre portugueses e holandeses. Sobre a Guerra dos Mascates e a rivalidade entre brasileiros e portugueses em seu Estado natal publicou A fronda dos mazombos (1995). Escreveu também O norte agrário e o Império (1984), O nome e o sangue(1989), A ferida de Narciso (2001) e Nassau: governador do Brasil Holandês(2006), este para a Coleção Perfis Brasileiros, da Companhia das Letras. É organizador do volume Essencial Joaquim Nabuco, da Penguin-Companhia das Letras.

sf/

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