por Innocêncio
Viégas
Ontem,
12 de setembro do ano da graça de 2015, fui convidado a ir ao Shopping para
trocar o meu celular por outro mais moderno e cheio de “guere-guere”. Não me
alegrei, pois estou acostumado com o meu velhinho falador, que nunca nega fogo.
Em
lá chegando fui bem atendido e não topei com a proposta da operadora.
Despedi-me cordialmente e, com a Bel, fiquei à deriva naquele mundo de coisas e
pessoas bonitas.
Pasmem
meus amigos, não é história de Trancoso o que vou lhes narrar.
-
No meio daquele burburinho avistei um velho amigo, confrade e irmão de fé, que
é mais ou menos da minha idade e, olhem que eu já estou beirando os 80 anos.
Quase
não o reconheci. Ele que só anda vestido com terno da moda e não tira do
colarinho uma gravata de cor verde-claro bem esmaecido que ganhou de uma
admiradora, trajava-se igual a um garotão de uns 15 anos. Bermudão florido, com
um palmo abaixo dos joelhos. Tênis de variadas cores e meias da cor do radioso
sol, até o meio das panturrilhas. Camisa de malha bem folgada, também colorida
e sem estardalhaço, exibindo em letras góticas, o distintivo da “Universidade”
de Santana do Acaraú, sua santa terrinha lá no Ceará do meu “Padin Ciço”.
Trazia
na mão direita uma latinha de refrigerante – zero – com um belo de um canudinho
na vertical e estampava no rosto, um largo sorriso da saudosa felicidade dos
anos dourados da sua juventude.
Nos
abraçamos festivamente com direito às tradicionais pancadinhas nas costas. A
Bel olhava a nossa festa e logo ganhou um abraço e um beijo do “guri”. Ele
também estava tratando do seu celular e não encontrara naquele shopping a sua
prestadora.
Saimos
passeando e logo avistamos uma festa em uma loja de brinquedos. Palhaços coloridos,
moças e rapazes que saltavam e cantavam alegrando a meninada e, o nosso amigo
achou que verdadeiramente era criança. Também pulou, dançou, balançou os braços
sem derramar o refrigerante. Era um menino naquela hora.
Deixamos
a festa e saímos sem rumo e sem compromisso. Avistamos a livraria e logo fomos
atraídos pelo mundo encantado dos belos livros. A Bel foi para uma das lojas e
nós ficamos donos do mundo e fomos “garimpar” as novidades. O livro que eu
queria – História do Brasil nas ruas de Paris – estava esgotado.
O
livro seria um presente que eu daria ao nosso “menino” do bermudão. Saimos e
logo encontramos a Bel e, antes de nos despedirmos fomos celebrar esse nosso
gostoso encontro, com um saboroso café.
No
caixa brigamos para ver quem pagaria a conta. Fui mais veloz. Então combinamos
que eu pagaria o café – cappuccino - e ele pagaria o almoço, no próximo
encontro. A barista nos serviu o quentinho, ele pegou a bandeja e o adoçante e
fomos para a mesa onde a Bel nos esperava.
Degustamos
o italianinho com chantili e tudo mais.
Conversamos
abobrinhas, minhocas e miolos de potes. Consertamos o Brasil e nos despedimos
na forma como manda o figurino. Ele foi para o seu carro, todo “serelepe” e eu,
para o pátio rumo ao meu “burro velho”, o Versailles ano 93.
Foi
uma tarde muito feliz. Desculpem meus caros leitores, ainda não declinei o nome
do “guri”: esse garotão peralta de quem tanto falo é o Escritor de Brasília, o
nosso querido e iluminado Dr. Adirson Vasconcelos.
Por uma tarde aqui imortalizada, ele foi o “garotão
peralta” num dos Shoppings de Brasília, esbanjando saúde, alegria e toda
felicidade da vida, e mostrando ao mundo letrado, uma linda bermuda folgada, da
cor da aurora boreal.
O
Adirson estava trajando assim – bem moleque - por ter tirado férias do rigor
que nos impõe a sociedade.
Parabéns mano velho! Gracias a lá vida!
* Teólogo
– Escritor
Membro das academias:
Acad. de Letras de
Brasília
Acad. Maçônica de
Letras do DF
Acad. Maçônica de
Letras Paranaense
Acad. Maçônica de
Letras e Artes do Brasil – GOB
Acad. Taguatinguense
de Letras
Confraria dos Amigos
da Boa Mesa – COMES
Academia Maçônica de
Letras do Maranhão (correspondente)
Academia Maçônica
Internacional de Letras
ANE – Associação
Nacional de Escritores