segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Um Garotão peralta no Shopping



  por Innocêncio Viégas 

Ontem, 12 de setembro do ano da graça de 2015, fui convidado a ir ao Shopping para trocar o meu celular por outro mais moderno e cheio de “guere-guere”. Não me alegrei, pois estou acostumado com o meu velhinho falador, que nunca nega fogo.
Em lá chegando fui bem atendido e não topei com a proposta da operadora. Despedi-me cordialmente e, com a Bel, fiquei à deriva naquele mundo de coisas e pessoas bonitas.
Pasmem meus amigos, não é história de Trancoso o que vou lhes narrar.
- No meio daquele burburinho avistei um velho amigo, confrade e irmão de fé, que é mais ou menos da minha idade e, olhem que eu já estou beirando os 80 anos.
Quase não o reconheci. Ele que só anda vestido com terno da moda e não tira do colarinho uma gravata de cor verde-claro bem esmaecido que ganhou de uma admiradora, trajava-se igual a um garotão de uns 15 anos. Bermudão florido, com um palmo abaixo dos joelhos. Tênis de variadas cores e meias da cor do radioso sol, até o meio das panturrilhas. Camisa de malha bem folgada, também colorida e sem estardalhaço, exibindo em letras góticas, o distintivo da “Universidade” de Santana do Acaraú, sua santa terrinha lá no Ceará do meu “Padin Ciço”.
Trazia na mão direita uma latinha de refrigerante – zero – com um belo de um canudinho na vertical e estampava no rosto, um largo sorriso da saudosa felicidade dos anos dourados da sua juventude.
Nos abraçamos festivamente com direito às tradicionais pancadinhas nas costas. A Bel olhava a nossa festa e logo ganhou um abraço e um beijo do “guri”. Ele também estava tratando do seu celular e não encontrara naquele shopping a sua prestadora.
Saimos passeando e logo avistamos uma festa em uma loja de brinquedos. Palhaços coloridos, moças e rapazes que saltavam e cantavam alegrando a meninada e, o nosso amigo achou que verdadeiramente era criança. Também pulou, dançou, balançou os braços sem derramar o refrigerante. Era um menino naquela hora.
Deixamos a festa e saímos sem rumo e sem compromisso. Avistamos a livraria e logo fomos atraídos pelo mundo encantado dos belos livros. A Bel foi para uma das lojas e nós ficamos donos do mundo e fomos “garimpar” as novidades. O livro que eu queria – História do Brasil nas ruas de Paris – estava esgotado.
O livro seria um presente que eu daria ao nosso “menino” do bermudão. Saimos e logo encontramos a Bel e, antes de nos despedirmos fomos celebrar esse nosso gostoso encontro, com um saboroso café.
No caixa brigamos para ver quem pagaria a conta. Fui mais veloz. Então combinamos que eu pagaria o café – cappuccino - e ele pagaria o almoço, no próximo encontro. A barista nos serviu o quentinho, ele pegou a bandeja e o adoçante e fomos para a mesa onde a Bel nos esperava.
Degustamos o italianinho com chantili e tudo mais.
Conversamos abobrinhas, minhocas e miolos de potes. Consertamos o Brasil e nos despedimos na forma como manda o figurino. Ele foi para o seu carro, todo “serelepe” e eu, para o pátio rumo ao meu “burro velho”, o Versailles ano 93.
Foi uma tarde muito feliz. Desculpem meus caros leitores, ainda não declinei o nome do “guri”: esse garotão peralta de quem tanto falo é o Escritor de Brasília, o nosso querido e iluminado Dr. Adirson Vasconcelos.
Por uma tarde aqui imortalizada, ele foi o “garotão peralta” num dos Shoppings de Brasília, esbanjando saúde, alegria e toda felicidade da vida, e mostrando ao mundo letrado, uma linda bermuda folgada, da cor da aurora boreal.
O Adirson estava trajando assim – bem moleque - por ter tirado férias do rigor que nos impõe a sociedade.
Parabéns mano velho! Gracias a lá vida!




* Teólogo – Escritor
Membro das academias:
Acad. de Letras de Brasília
Acad. Maçônica de Letras do DF
Acad. Maçônica de Letras Paranaense
Acad. Maçônica de Letras e Artes do Brasil – GOB
Acad. Taguatinguense de Letras
Confraria dos Amigos da Boa Mesa – COMES
Academia Maçônica de Letras do Maranhão (correspondente)
Academia Maçônica Internacional de Letras
ANE – Associação Nacional de Escritores

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