por Diniz Felix dos Santos
Ilustríssimo Senhor Presidente José Carlos Gentili –
condutor de tal proficiência e flama, que em alta conta já distinguem a
Academia de Letras de Brasília, para além das fronteiras e até transposto o
oceano.
Excelentíssimo Senhor Ministro Valmir Campelo Bezerra.
Ilustríssimo Senhor Diretor-Secretário Tarcízio
Dinoá Medeiros.
Ilustríssimo Senhor
Professor Ernani Pimentel – Presidente do “Centro de Estudos Linguísticos da
Língua Portuguesa”, da Academia de Letras de Brasília.
Demais autoridades presentes.
Minhas Senhoras e Meus Senhores que tornam
resplandecente esta noite acadêmica para engalanar e consagrar o Escritor
Valmir Campelo – recipiendário, por todos os méritos, tão ilustre, que nossas
palavras (carentes de sutileza e brilho) hão de sempre lhe ficar a dever.
Quis o Destino tirar-nos da obscuridade, alegrar
nossa alma, distinguindo-nos para saudar aquele que, por onde passou, coberto
foi de honrarias e condecorações – diante das quais sempre se portou sem
alarde, como que preservando o remanso do mar de sua franca modéstia.
Cidadão Honorário de Brasília, por toda a parte
deste Planalto Central, vozes mais altas atestaram-lhe o indubitável valor de
sua diligente e prestativa participação social.
O Povo daqui traz na memória o dia em que lhe
dedicou a maioria dos votos; e nutre a esperança na chegada do dia em que,
outra vez, possa mostrar sua majoritária aprovação àquele que traz como norma
de conduta as palavras do "Patriarca da Independência":
“A sã política é
filha da moral e da razão”.
A partir de hoje, acrescente-se o direito à
imortalidade acadêmica, que lhe será conferido, como Acadêmico Efetivo desta
Casa de Cultura, onde harmoniosamente, entre iguais, convivem a juventude – viço
de Hebe, e a experiência – saber de Minerva.
Deste
eclético corpo acadêmico, são os braços que vos estreitam com sadio orgulho e
satisfação por pressentir-vos, ilustre Escritor, agora nosso irmão nessa tarefa
de expressarmos em palavras o Bem, o Belo, a Verdade, na defesa de nosso
patrimônio cultural, dos princípios
morais consolidados em nossa Civilização, e dos novos valores autênticos que
brotam da Humanidade em constante transformação.
Minhas Senhoras e meus Senhores: Valmir Campelo
alçou os degraus da Vida Pública, agradecendo a Deus cada momento de êxito,
como um prêmio justo à sua inteligência desinteressada. Como é de seu feitio, foi
sem pressa, mas não perdendo tempo, nem se conspurcando com seja lá o que fosse
em desacordo com a sua consciência, nem se iludindo com as armadilhas “docemente”
pregadas pela vida – como aconteceu com Atalanta, que sucumbiu aos três pomos
de ouro que lhe lançaram aos pés.
Por acreditar na predestinação histórica do Brasil,
dedicou-se ao país, como: Deputado Federal, Parlamentar da Assembleia Nacional
Constituinte, Senador da República, Ministro do Tribunal de Contas da União,
onde exerceu a Corregedoria, a Vice-Presidência, chegando à Presidência –
quando, em discurso memorável, nosso Acadêmico, seu conterrâneo, e também
magistrado de notável carreira em Brasília, o Ministro Ubiratan Aguiar celebrou
o equilíbrio, a moderação, o acurado estudo, a prudência e o humanismo de
Valmir Campelo, como garantias de dias auspiciosos na direção daquela casa que,
a Ruy Barbosa, tanto deve sua criação.
Nos dias de hoje, a sensação de uma existência plena
em todos os sentidos, provavelmente exceda até ao esplendor das inflamadas
fantasias que lhe devem ter povoado a mente, quando o moço Valmir pôs os olhos
na Capital da Esperança. Era o primeiro da família a vir residir com sua irmã
Maria Valdira, já funcionária concursada da Câmara dos Deputados.
Entretanto, se a memória prossegue em busca das
raízes, ela se detém, enternecida, naquela modesta casa de Crateús, onde a
austeridade e a inteireza moral de “seu” João Amaro Bezerra e de “dona”
Raimunda Campelo Bezerra internalizaram, para toda a vida(!), no íntimo do
caráter dos onze frutos do seu casamento, o horror à mentira e o zelo para com
a dignidade do nome.
Ilustre
Escritor, o galardão que recebeis nesta cerimônia está chancelado pela
unanimidade dos Acadêmicos que vos elegeram, concorde com os que provaram da
honra de conhecer-vos fiel aos valores éticos que vêm do berço que vós tivestes,
pautando conduta tranquila e retos itinerários: na considerável prestação de
serviços públicos, no elegante relacionamento social, no confiável embate
político e no seio da família bem formada.
E, a respeito dos prelúdios desse último tópico, não
resistiremos a incorporar as palavras de Júnior Bonfim – Orador Oficial que o
saúda quando toma posse na Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza:
“O amor entrou na vida de Valmir Campelo através de
um nó de gravata (...) um clássico nó de Windsor, aquele que exala o charme e a
elegância britânicos. Tinha 13 anos e vivia a aurora juvenil (...) quando se
viu atraído pela beleza magnética de Marizalva, uma amiga das suas irmãs, flor
menina de 10 anos de idade. Certa noite, antes de sair para uma festa (...)
pediu que Zalva (como carinhosamente se refere a ela) puxasse o nó de sua
gravata. Quando ela concluiu, ele sentenciou: Vá se acostumando, porque vou
casar com você. Ela saiu em disparada. Quando a donzela completou 17 anos,
ficaram noivos. Um ano depois casaram.”
Enquanto Parlamentar e Ministro, Valmir Campelo
elegeu o escopo de seus trabalhos publicados, ao pensamento político, social e
econômico desta nação, guiado pela necessidade imperiosa de somar e servir – como
foi tão bem posto nos aplausos de Marçal Justen Filho:
“uma demonstração de generosidade (...) compromisso
com a transformação do Estado (...) modelo de conduta (...) fonte de
inspiração.”
– no prefácio de
“Obras Públicas” (coautoria de Rafael Jardim Cavalcante).
E não se diga que Valmir Campelo não fez poesia. O
que será se não for poesia a legenda no pórtico do Espaço Cultural do TCU,
inaugurado sob sua presidência:
“Marcantonio fez
da vida uma oração à arte e, da arte, um ato de fé.
Desfez-se como
uma estrela e nos deixou o clarão de seu talento imortal.”
Ilustre
Escritor, ainda há muitas páginas da história desta Academia a serem
preenchidas pela vossa talentosa pena. Em muito boa hora, vós aportais aqui:
Apesar do Séc. XX ter sido pródigo em incenso aos
senhores da guerra, e bem parcimonioso na exaltação de pacifistas como o
hinduísta Gandhi, Albert Schweitzer, e muitos outros; apesar da “banalização do
mal”, da qual, há seis décadas, nos advertiu a pensadora judia-alemã Hannah
Arendt; apesar de, nos últimos tempos, nos descurarmos de encorajar os bons;...
apesar de tudo mais, teimam em permanecer acesas, em brasas vivas, as áscuas do
nosso otimismo!
Os 13 anos do alvorecer do Séc. XXI teve a grande
virtude de descerrar o velado onde se adunavam espectros que nos consternam.
...E a nova era revela terra
fértil para os espíritos jovens – como o vosso – florescerem...
Recentemente, nas favelas do Rio, o Papa Francisco
conclamou os jovens à luta, e, textualmente, a não se acostumarem com o mal, e
insistiu, desde Lampedusa, em duras críticas à indiferença para com o próximo.
Políticos e religiosos de diferentes crenças parecem
afluir ao mesmo norte.
Bons ventos arejam as consciências, de tal forma
velozes, que a seara já está amadurecendo – e melhor seria, não fossem ainda tão
poucos arautos para tão grande messe benfazeja.
Eis um homem de bem!
Oportuno e
merecido, portanto, é o sentimento com o qual o recebemos, moldado em júbilo. Gáudio(!)
pois teremos sua companhia a debater nossas divergências literárias, agora, sem
as asperezas que as inclinações partidárias nos impõem.
Aqui, somos
todos iguais; aqui, não grassa a indiferença nem sob o véu diáfano da ironia
que, por vezes, a disfarça.
À semelhança da Távola de Artur – e envolvidos pelo
espírito que se forma quando nossos Pares se reúnem, – aqui – cultivamos o
cavalheirismo e a nobreza, diferenciando-nos apenas por uma ou outra expressão
mais eloquente:
Entrai
nesta casa, que, de agora em diante, será toda vossa.
Ocupai
vossa cadeira! Ela é afeiçoada a nordestinos como vós: Efe Brandes, primeiro
ocupante; Odorico Mendes, o Patrono.
Na
estrada acadêmica que percorrerdes, por certo gloriosa, vós estais fadado a
sentir, pari passu, a companhia, sempre presente, da mais sincera, da mais
afetuosa admiração de todos os vossos Pares.
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