por Innocêncio Viégas
A data maior da cristandade se aproxima. Em todos os lares reina a alegria com os preparativos para a grande festa do nascimento de Jesus.
Aqui mesmo em nosso Rancho, o Natal já deu o “ar da graça”. Os nossos filhos e netos desempacotaram a velha árvore de Natal de tantos anos e a ornamentaram com todas as bolas, laços de fitas de todas as cores e pequeninas lâmpadas que nos lembram vaga-lumes piscando na escuridão da noite. Na vitrola, as músicas características da época nos enternecem a alma. Mas é no comércio que o Papai Noel tem o seu lugar de destaque, lembrando às pessoas, a obrigação de comprarem os preciosos presentes.
Iguais a todos os mortais, eu e a Bel fomos às compras e, no shopping, encontrei-me com aquele que faz a alegria das crianças. Enquanto a Bel fazia as suas compras, saí passeando e apreciando a beleza da ornamentação do ambiente, e lá, em primeiro plano, estava um garboso Papai Noel sorridente, sentado em uma linda poltrona, rodeado de crianças, que, ao lado de seus pais, esperavam a vez para abraçarem o bom velhinho e pedirem a ele os desejados presentes.
Admirado com a cena, fiquei matutando sobre os meus dias de menino, quando a figura do Papai Noel não era tão fácil de ser vista pelas ruas da minha cidade. O tempo passava e os abraços continuavam até que aos poucos aquelas felizes crianças continuavam o passeio com seus pais.
Nesse momento, um jovem, indicando ser um trabalhador, se aproxima do Papai Noel, conversa com ele e logo lhe dá um demorado abraço. Notei que o rapaz chorava, o que me comoveu. Quando se apartaram, vi que o Papai Noel também chorava.
O rapaz saiu e eu me aproximei sorrindo. Logo notei que ele enxugava as lágrimas na manga da colorida fantasia.
Por que, Papai Noel, no meio de tanta alegria, você está chorando? O que foi que aquele rapaz lhe disse de tão triste? Perguntei-lhe.
Papai Noel respiroufundo e me respondeu:
Ele me disse que em sua infância nunca teve a oportunidade de abraçar um Papai Noel, e logo me veio a lembrança de que eu também – disse o Papai Noel – nunca tive essa felicidade, pois na roça nunca vi um Papai Noel.
Não lhe contei nada, mas nós – eu, ele, e o rapaz – fomos três meninos sem um abraço de Papai Noel.
Outras crianças chegavam na maior algazarra. Ele sorria febrilmente para todos, mas eu sabia que, no íntimo, sua alma continuava chorando.
Saí de perto dele, procurei um cantinho e, escondido, também chorei. Ah! Meus queridos meninos de hoje, ainda dizem que Papai Noel não existe. De tudo isto, eu lhes digo: - “Meninos eu vi”, em pleno Natal, um Papai Noel chorando por falta de um Papai Noel.
Feliz Natal! Feliz Natal!
Hô! Hô! Hô!
Natal de 2018
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