por Murilo Moreira Veras
Nestes
conturbados dias que antecedem às eleições presidenciais definitivas, a disputa
entre os dois candidatos é tão acirrada que mais parece um ringue — ataques e
defesas se confrontam, à solta, sobretudo quanto à língua solerte da esquerda
festiva, que teme a perda do poder.
Neste clima, vem-nos à
baila o fato da ocorrência, entre os cultores da inteligência, as chamadas
“imposturas intelectuais”. Se eles, os embustes grassam desenvoltos nos meios
artísticos, culturais e científicos, até de maneira lesiva, da mesma forma, em
política, prevaricam os fomentadores do ódio e do nefelibatismo mental. Desse
modo e arte, as campanhas viralizam cenas e imagens torpes, profanando as
“redes sociais”, que utilizam livremente os dessa espécie de maga da
comunicação moderna, onde todo mundo tem vaga e vez para dizer o quiser,
difamar os seus desafetos, acobertados pela impunidade.
Quer dizer que regredimos
à barbárie, quando não se respeita mais o direito do outro? Democracia, livre
arbítrio e liberdade de expressão significa denegrir o adversário numa disputa
eletiva? Como ficam os preceitos da boa convivência, a educação, a ética contida
nos estatutos da sociabilidade — no lixo?
Vê-se que as “imposturas
intelectuais” denunciadas por Alan Sokal
e Jean Bricmont, a destemida dupla do
livro com o mesmo título, que tanto furor causou nos meios acadêmicos franceses
e americanos, nos idos de 1999, desmascarando mitos eruditos como Lacan, Deleuse, Kristeva, et allia,
continuam mais vigorantes do que nunca. Alguns dos “doutores” de nossos meios
cults, escritores, professores, filósofos, historiadores, e que tais, apadrinhados
com meia dúzia de artistas, cantores e representantes midiáticos, indolentes
beneficiários da Lei Rouanet, fazem coro, criam fake news, subvertem os fatos. Formam eles — intelectuais e
artistas — uma trupe de trapaceiros a forjarem peçonhas, notícias falsas e até
atitudes vergonhosas. Haja vista a difusão nas redes sociais de uma enxurrada
de truques, difamações, praticadas e fomentadas por elementos da esquerda
contra o candidato da direita.
Campanha política ou
troca de insultos pessoais, que chegam ao nível de baixaria, não condizente com
a dignidade humana. Não são mais “imposturas”, mas falta de caráter mesmo, isto
de que o “esquerdismo brasileiro” vem
fazendo uso e — pasmem — seus asseclas, apoiados pela mídia, que, assim,
aumenta suas audiências e engorda os ganhos milionários. Tudo correndo à custa
de espectadores nefelibatas, que se tornam inocentes úteis, zumbis, manipulados
pelas TVs, programas, anúncios e informações deformadas, à guisa de
comunicação.
“Deus, ó Deus, onde estás que não respondes!”
— perdeu-se a dignidade, a hombridade, o respeito. É o vale tudo, a algaravia dos
costumes. Até os símbolos religiosos são desrespeitados. Voltaire, ó Voltaire,
estavas certo com tuas invectivas moralistas: “Mente, mente, e alguma coisa ficará...”
O País surtou — não a Pátria de D. Pedro II, de Visconde de Mauá, de Manuel Beckman, de João Francisco
Lisboa, de Sotero dos Reis e tantos outros pósteros. Rui Barbosa estremece
em seu túmulo, de ver no seu torrão pátrio proliferar tanta desonestidade,
justificando suas proféticas palavras: “...De
tanto ver triunfar as nulidades, o cidadão comum sente vergonha de ser honesto.”
Imaginem o absurdo: um
padre católico viraliza nas redes sociais sua imagem fazendo gesto de quem
esfaqueia o inimigo, a gritar raivoso — “... é o que ele merece!”
“Em que sol, em que estrela tu t’esconde, Senhor Deus?” Rasga-se o Evangelho em plena luz do dia, à
sombra de Jesus Crucificado. E a bestialidade continua, quando, noutro momento,
é-nos mostrado o candidato do PT e sua vice recebendo a comunhão, enquanto
noutra postação essa mesma vice braveja alto e bom som, que é anticristã e que,
vencendo as eleições, promoverá a retirada dos símbolos sagrados de todos os
órgãos federais, assim como acabar com os feriados religiosos, por inúteis. Não
foi muito diferente do que disse certa professora de filosofia, em palestra, gritando
aos berros: “Eu odeio a classe média!”
Eis o clima que temos
suportar, espécie de antífona sacrílega,
antes das eleições definitivas.
Praza aos céus que os
bons fluidos nos rodeiem, que o Amor e a Esperança não sucumbam ao Mal, que nos
rodeia. E que, ao cumprir o dever cívico, sejamos serenos e justos, para que
não nos tornemos em vez de patriotas, traidores da Pátria.
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