Murilo Moreira Veras
Estou aqui, com minha alma
também em chamas,
plantado acima do chão, onde já fui e escolhi o poético
destino.
Arrastou-me, sim, a palavra ardente, o ardil, a loucura
do dizer e desdizer, cantando.
O verdadeiro Cavaleiro
Andante da Alma é o poeta Carlos
Nejar, das ríspidas plagas pampianas
aquele que fala do horizonte com a medida humana da
solidão,
o poeta que traz consigo a fadiga do universo,
sobrevive nos aluviões de areia, e escreve, na correnteza
da poesia, seu nome nas epígrafes das
pedras.
É inquilino que habita as estações e desafia o sopro
viril do Minuano, dar face e voz aos sonhos nos quais é peregrino.
Cercado de árvores e sesmaria de pássaros, resiste a
voragem de nossos dias,
Desde a Morada do
Vento que o Vate transfigura em vento a memória das palavras, cujos ardores
nos ensinam a amar e viver.
Nejar – cativo das palavras, do cativeiro atávico retira as palavras,
reacendendo-as em perene amor.
Virgílio redivivo? Sim, o Amor encantado divide sua alma,
com Vieira compartilhando felicidade.
Dos ventos minuanos é êmulo que gonçalvinamente revive
sua Canção sem Exílio,
Branca noite se derrama em estrelas,
ovelhas pascendo, pombas brancas presas na garganta,
enquanto canta o firmamento em chamas, que não se apaga
na candeia, e a noite avança,
no vagar do vento, a alma não descansa, desde a infância.
O Poeta vive e não quer morrer sem estar junto de seu
pampa, deitado na terra toda onde, ali,
vai renascer!
Bsb, 1.09.17
- Poema-homenagem ao poeta Carlos Nejar
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