“Existem momentos na vida da vida
da gente, em que as palavras per-
dem o sentido ou parecem inúteis,
e, por mais que a gente pense numa
forma de empregá-las elas parecem
não servir. Então a gente não diz,
apenas sente”. ( FREUD).
Li,
hoje, notícia veiculada na mídia que, além do Dia das Mães, festeja-se o
Dia Mundial da Migração das Aves. Mais, desavisadamente, apontam ser o
Dia Mundial da Imigração (sic) das Aves.
A sorte é que as aves não leem, senão teríamos voos só de ida ou só de volta.
Há espécies de aves que migram outras não. As migratórias migram...
Então, hoje, dizem ser o Dia Mundial da Migração das Aves.
Talvez,
amanhã, apareça um desocupado que crie o Dia Mundial das Aves que Não
Migram. Quem sabe, se depois, criem por devaneio o Dia Mundial das Aves
que Imigram? Senão, outra nomenclatura estapafúrdia - o Dia Mundial das
Aves que emigram, possa ser suscitada.
A migração consiste em imigrar ou emigrar!
A
fantasia das comemorações e das nominações, além daquelas de origem
religiosa, navega, sempre, pelo interesse comercial e financeiro.
Dia
das Mães, Dia dos Pais, Dia da Criança, Dia dos Avós, Dia Mundial da
Migração das Aves, Dia do Cão Raivoso e assim por diante num desfile
freudiano, mefistofélico e incompreensível.
Ninguém
festeja o dia do Bem! Sequer, o Dia do Mal. Dia Mundial da "avis rara".
Eles, não rendem dividendos, como tantos outros. Cadê o Dia Mundial
dos Bisavós? Hoje em dia não são os pais que arcam com as despesas e
criação das crianças, mas sim os avós e bisavós, já cansados e
debilitados no processo irreversível da senectude.
Qualquer
dia, a falange dos desocupados, dos "nenens" ( que não trabalham e nem
estudam), alienados da racionalidade humana, potencialmente incapazes,
preocupados tão somente com o universo mesentérico de suas ilações, dos
dizeres do politicamente correto, lembrem de criar o Dia Mundial da
Comunidade, Dia Mundial do Hétero, Dia Mundial da Mulher Lésbica, Dia
Mundial do Veado Galheiro, Dia Mundial do Sarará e do Cafuso, num rol
inumano de configurações inúteis.
Ninguém
mais lê, poucos estudam. Os analfabetos funcionais são muitos, quase
maioria. O hábito de conversar, transformou-se num mutismo eletrônico,
onde prepondera o diário Dia Mundial do Smartphone, que conecta a atual
civilização desta Aldeia Global.
Salve o Dia Mundial do Ser Humano!
Fazenda Cachoeiras da Boa Vista, 14 maio de 2017.
José Carlos Gentili
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