domingo, 14 de maio de 2017

REFLEXÃO DOMINICAL


“Existem momentos na vida da vida
da  gente, em que as palavras per-
dem o sentido ou parecem inúteis,
e, por mais que a gente pense numa
forma de empregá-las elas parecem
não  servir. Então a gente não diz,
apenas  sente”. ( FREUD).

Li, hoje, notícia veiculada na mídia que, além do Dia das Mães, festeja-se o Dia Mundial da Migração das Aves. Mais, desavisadamente, apontam ser o Dia Mundial da Imigração (sic) das Aves.
 
A sorte é que as aves não leem, senão teríamos voos só de ida ou só de volta.

Há espécies de aves que migram outras não. As migratórias migram...

Então, hoje, dizem ser o Dia Mundial da Migração das Aves.

Talvez, amanhã, apareça um desocupado que crie o Dia Mundial das Aves que Não Migram. Quem sabe, se depois, criem por devaneio o Dia Mundial das Aves que Imigram? Senão, outra nomenclatura estapafúrdia - o Dia Mundial das Aves que emigram, possa ser suscitada.

A migração consiste em imigrar ou emigrar!

A fantasia das comemorações e das nominações, além daquelas de origem religiosa, navega, sempre, pelo interesse comercial e financeiro.

Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia da Criança, Dia dos Avós,  Dia Mundial da Migração das Aves, Dia do Cão Raivoso e assim por diante num desfile freudiano, mefistofélico e incompreensível.

Ninguém festeja o dia do Bem! Sequer, o Dia do Mal. Dia Mundial da "avis rara". Eles,  não rendem dividendos, como tantos outros. Cadê o Dia Mundial dos Bisavós? Hoje em dia não são os pais que arcam com as despesas e criação das crianças, mas sim os avós e bisavós, já cansados e debilitados no processo irreversível  da senectude.

Qualquer dia, a falange dos desocupados, dos "nenens" ( que não trabalham e nem estudam), alienados da racionalidade humana, potencialmente incapazes, preocupados tão somente com o universo mesentérico de suas ilações, dos dizeres do politicamente correto, lembrem de criar o Dia Mundial da Comunidade, Dia Mundial do Hétero, Dia Mundial da Mulher Lésbica, Dia Mundial do Veado Galheiro, Dia Mundial do Sarará e do Cafuso, num rol inumano de configurações inúteis.

Ninguém mais lê, poucos estudam. Os analfabetos funcionais são muitos, quase maioria. O hábito de conversar, transformou-se num mutismo eletrônico, onde prepondera o diário Dia Mundial do Smartphone, que conecta a atual civilização desta Aldeia Global. 

Salve o Dia Mundial do Ser Humano!

Fazenda Cachoeiras da Boa Vista, 14 maio de 2017.

José Carlos Gentili

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