Por Innocêncio Viégas[*]
Ontem, dois de outubro,
foi o dia oficial – nos documentos – do meu aniversário de 79 anos.
Na realidade, nasci no dia três de
outubro de 1937. Não importa se houve engano do cartorário na hora de fazer o
registro, por isso fazemos duas comemorações.
Não houve festa. Seria impossível
reunir aqui no Rancho da Montanha, todos os amigos.
Nas minhas agendas tenho seiscentos
e oitenta e nove endereços de velhos e novos amigos, confrades e confreiras de
diversas Academias espalhadas pelo Brasil, e uma em Portugal. Amigos do tempo
da caserna, vizinhos e colegas do Grupo dos onze casais amigos e fraternos,
queridos e bons irmãos da Sublime Ordem e, muitos já falecidos e que os seus
familiares continuam mantendo contato comigo nas datas festivas de final de ano
e em dias especiais.
No dia dois, muitos telefonaram,
outros mandaram mensagens eletrônicas e um deles, o Rigueira, ligou com
antecedência, por não se encontrar em Brasília na data do “niver” do velhão
aqui.
Nesta crônica quero agradecer a
todos os que se lembraram de mim, e pedir a Deus que lhes dê muitos anos de
vida, com muita saúde.
Às vezes a vida nos reserva momentos
de muita alegria e a providência divina se encarrega de mandar dois velhos
amigos que não poderiam deixar de vir aqui, para representar nesta data os
demais seiscentos e oitenta e sete amigos e irmãos. Foram eles, a Professora
Heronisa e o Poeta Fagundes de Oliveira, que se somaram aos meus familiares.
Todos reunidos cantaram o tradicional “Parabéns” e os netos menores se
encarregaram de apagar as velas, com mil sopros sobre o lindo bolo que estava
ornamentado com morangos, caramelo e muito chocolate.
Parti o bolo com a minha tradicional
faca “Zakharov” de tantas pelejas, e a Bel recebeu o primeiro pedaço entre
beijos e abraços de amigos, filhos, noras, genro e todos os netos. “De quebra”
ganhei livros, vinhos de grandes safras, camisas e três belas trovas poéticas
da lavra do vate Fagundes de Oliveira, exaltando a vida. Recebi também um
perfumado charuto, um “puro baiano” Dona Flor, que será degustado em outra
oportunidade celebrando a vida. Ainda fui agraciado com um conjunto de canetas
personalizadas com o escudo do meu querido Vasco da Gama de tantas
vicissitudes.
Meus amigos, agora vou fazer-lhes um
belo convite: espero contar com a presença de todos, mas todos mesmo, nos dias
dois e três de outubro de 2037, quando completarei cem anos.
Nesse dia teremos uma grande festa:
comidas, bebidas, doces, frutas, sorvetes e para coroar a data, um grande
baile. Sim, um grande baile e só dançaremos nessa noite, tangos à la Gardel e
Le Pera – que era brasileiro – e outros bambas das milongas portenhas. Teremos
apenas restrições ao uso de bengalas durante a dança e de sapatos altíssimos
para evitar acidentes na hora de entrelaçar as pernas.
Quando se aproximar a meia-noite,
daremos uma parada para a turma “pegar um ar” lá fora, fumar um cigarrinho com
o Tarcizio e em seguida retornar ao salão para ouvir os discursos acadêmicos. O
Murilo Moreira Veras fará a saudação em nome do Presidente Tarcízio. O Gentilli
lembrará os tempos bons da juventude lá nos Pampas. O Fagundes fará um discurso
de arrasar quarteirão, com todos os cometimentos. Será franqueada a palavra a
quem dela desejar fazer uso.
O Adirson pai, certamente lembrará
J.K., que era um elegante pé-de-valsa. As meninas da Academia cantarão em coro
o “Parabéns” ajudadas pelos anjos do coral celestial.
A festa será encerrada com a valsa
Danúbio Azul, solada pelo acadêmico João Batista, em seu plangente violão
clássico, sendo, durante a dança, autorizado o uso das bengalas e saltos altos.
Desculpem, ia esquecendo de informar o local da comemoração, que será no Céu,
no grande salão paroquial, entre as nuvens do Pai Eterno, com todos os bons
ventos do espaço sideral. Um lembrete: o Papai do Céu fará a chamada e os que
foram para o “beleléu” e que estiverem em outro patamar, curtindo muito calor,
serão perdoados – só nesta noite – e poderão participar da festança.
Depois de estarem conosco no céu,
com nossos juízes, advogados, jornalistas, embaixadores, escritores e demais
autoridades, eles sabiamente pedirão “asilo político” e ficarão na eterna
festa, conosco. Porém, terão que obedecer, e nada de “diabruras”.
Assim,
meus queridos, faremos a comemoração do meu centenário. Podem duvidar, quem
morrer verá!
Não faltem!
Amém!
P.S.
Em caso de mudança do local da festa, todos serão avisados.
[*] Teólogo – Escritor; Membro das academias: Acad. de Letras
de Brasília; Acad. Maçônica de Letras do DF; Acad. Maçônica de Letras
Paranaense; Acad. Maçônica de Letras e Artes do Brasil – GOB; Acad.
Taguatinguense de Letras; Confraria dos Amigos da Boa Mesa – COMES; Academia
Maçônica de Letras do Maranhão (correspondente); Academia Maçônica
Internacional de Letras; ANE – Associação Nacional de Escritores – CERAT. – G
11 - Email – inocencio.viegas@gmail.com
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