terça-feira, 7 de junho de 2016

UMA REFLEXÃO SOBRE O SEMINÁRIO INTERNACIONAL


NOVOS TEMPOS : CULTURA E MIGRAÇÃO DA ACLEB

Murilo Moreira Veras
 
O Seminário Internacional Novos Tempos – Cultura e Migração, não há negar representa o cenário do futuro, mas arraigado na nossa contemporaneidade. É um marco, com o qual a Academia de Letras de Brasília vem de se destacar na perspectiva, não apenas de nosso País, mas da longitude internacional. A ACLEB trilha agora os caminhos do exterior, firmando-se, sem dúvida, no contexto das Nações, interligando-se num abraço de convivência, sobretudo inteligente e fraterna.

Sabemos. O mundo globalizado não se constitui por si só uma compulsiva ação de extraterriorialização, o ser humano apenas se desenraizando de suas intimidades nativas, nacionais, mas, por definição mais humanística, tem necessidade maior em buscar o compartilhamento social e sociológico, a se projetar e perfazer-se num movimento de confraternização universal, cuja projeção é o aproveitamento visivelmente traduzível em negociações, troca de ideias, projetos, sensibilidade artística, comunhão de conhecimento e avanço tecnológico, todos de imponderável magnitude.

Sobre o ser humano, bem o disse o filósofo Thomas Merton e  com grande sapiência – “Nenhum homem é uma ilha”. O ser no seu ser do ente, já na perspectiva aristotélica,  se projeta mais para a generalidade do que para a particularidade, a prevalência social, em vez da simples contingência pessoal, intimista, tendente ao pessimismo e  preconceito. Desde as priscas eras, o ser bípede contempla o horizonte de novos caminhos, da atividade coletora à construção dos primeiros agrupamentos humanos, da transmigração da sistemática de trocas ao arrojo das fantásticas aventuras transoceânicas, cujo gênese  entrevê-se no  espetacular empreendimento português renascentista da Escola de Sagres, cujos aportes consolidaram os descobrimentos  modificadores da face do mundo.

A migração, portanto, se reveste de  movimento de ascendência territorial, a busca de novos horizontes, a consolidação do direito à extraterritorialidade dos povos, o estreitamento comunitário das nações, a integração da vizinhança global.

Quando, no entanto, se torna uma problemática, como no momento atual, então nossa perspectiva é necessariamente de reflexão, a que se deve agregar um profundo olhar de complacência, visando a solução mais pragmática e humana possível.

Nessa perspectiva, não nos rege a pretensão neste Seminário de resolver os óbices decorrentes das circunvoluções migratórias, as de hoje precisamente, ante as adversidades, vindas e sobrevindas com os movimentos fratricidas, o surto terrorista que abala as nações –  hordas humanas se deslocando de forma angustiosa a surpreender e comover o mundo.

Nossa reflexão, pois, é justamente a de ousar eleger uma  salvaguarda ao sugerirmos que ao choque das migrações desordenadas e prementes se recorra à compreensão, amainada pelo socorro da cultura e educação, da parte dos Governos, e não somente dos Governos, das populações, das estâncias privadas, das pessoas e organizações. Oxalá criássemos  na alma e no coração das gentes, a cultura transterritorial, tal qual a tão bem sucedida hoje o é o empreendedorismo turístico, inclusive na área da educação, do conhecimento e da tecnologia.

Se essa for a menor das metas alcançáveis e alcançadas por esse Encontro, certamente tê-la-emos como postulação das mais gratificantes – o simples fato do conciliábulo, no viés cultural, artístico e literário já nos  satisfaz, nossa Academia em estado de notório júbilo, o que, por sinal porfia com nossa legenda áurea, de superveniência acadêmica – “Ad Lucem”, sim, para cima e para o alto, como o lucilar vibrante das estrelas.

Quod erat demonstrandum – era o que queríamos demonstrar, dizendo.

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