Em 1946, a ONU estabeleceu como línguas oficiais da organização: o
inglês, o francês, o espanhol, o russo, o árabe e o chinês, fixação vigente até
hoje. Quais foram os critérios deste processo seletivo? Dimensão territorial?
Razões políticas? Poderio bélico e armamentista? Índices populacionais?
Riquezas petrolíferas e minerais de uma forma geral? Poder atômico? Enfim,
indagações díspares ornam o indecifrável
fixador linguístico, que navega ao sabor da preponderância dos impérios.
“A língua transporta valores”, no dizer do lusitano Adriano Moreira,
ilustre confrade da Academia de Letras de Lisboa.
E a Língua Portuguesa
continua sob duas versões: a vertente
portucalense, arraigada ao saudosismo medieval com seus dez milhões de
falantes; a outra, a do Brasil, ex- colônia lusitana, com quase cerca de
duzentos e cinquenta milhões de habitantes, ora oitava economia
mundial, falando a Língua
Brasileira. Ufanismo à parte. Ora, pois, pois...
E para que serve o Acordo Ortográfico ungido sob o manto do Decreto
6.583, de 29.09.2008, celebrado por Lula, estratégica e politicamente, quando
afirmou- “ Hoje é um dia marcante para a nossa linda literatura”,
naturalmente orientado por sua assessoria palaciana.
Rendeu dividendos! – honoris
causa pela outrora tradicional Universidade de Coimbra.
Críticas transoceânicas, de parte à parte, questões semânticas de toda
ordem, determinaram que a Presidente Dilma Rousseff, ouvidos o Ministério da
Educação, a Casa Civil da Presidência da República, o Ministério das Relações
Exteriores, editasse o Decreto n° 7.875, em 27.12.2012, elastecendo o período
de transição de 1° de janeiro de 2009 até 31 de dezembro de 2015.
Os críticos da hifenização e de vários pontos discordantes e polêmicos
exultaram com a visualização de futuros reestudos. A Academia Brasileira de
Letras registrou seu inconformismo pela fala do douto acadêmico Arnaldo
Niskier.
Verdadeira Guerra de Pirro!
Será que os políticos acreditam que o acordo poderá redundar na
inclusão da Língua de Camões como idioma oficial junto à ONU? Vã ilusão.
As línguas não são regidas por decretos além-mundos!
José Carlos Gentili
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