quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Ele aniversariou, e nós ganhamos o presente.


por Innocêncio Viégas


          Dia quinze de junho do ano da graça de dois mil e dezoito, o poeta Fagundes de Oliveira comemorou com a família – no Solar dos Fagundes de Oliveira – os seus oitenta e três anos bem vividos cantados em prosa e versos e rodeado de amores.
          No dia vinte e três do mesmo mês, um ensolarado sábado, reuniu os amigos para a comemoração social em um dos melhores clubes da cidade, o antigo Rocha e agora ASSEB. 
          O salão, ornamentado com os mais finos e lindos arranjos. No palco dois músicos se revezavam com o mais legre musical do cancioneiro popular e clássico. 
          Os amigos chegando em procissão, eram recebidos na soleira da grande porta pelo vate que, com um largo sorriso recebia a todos com abraços e ósculos dos verdadeiros irmãos. 
          O aniversariante elegantemente trajado, vestia um costume branco do mais puro linho S-120. Do vistoso colete, pendia um correntão de ouro das minas do Rei Salomão, encastoado a ele, um vetusto relógio de algibeira – Patec Philippe – onde, vez por outra conferia a hora, à moda antiga.
          Uma comissão se encarregava de anotar nos presentes, o nome dos amigos presenteadores. A primeira dama, a elegante Heronisa, os filhos Rodrigo e Rogério, as noras Thereza e Mariane, recebiam os convidados e os levavam para as mesas, enquanto isso, o neto Pedro fazia as honras da casa, brincando animadamente com os amiguinhos da sua idade.
          Os acepipes principescos e as bebidas inebriantes e refrescantes eram servidos por elegantes garçons sob a batuta do Chef Dias, responsável pelos comes e bebes.
          A manhã corria para a tarde e o mestre de cerimônias, o Rodrigo, franqueou o microfone aos amigos. Aos poucos, sob aplausos, um por um dos corajosos oradores cantaram loas ao aedo, enaltecendo suas qualidades de pai extremoso, de marido carinhoso, de poeta inspirado, de irmão e amigo, e de orgulho de todos os seus familiares.
          Cantamos em uma só voz, o tradicional “Parabéns” e em seguida passamos ao almoço.
          A mesa, fartamente guarnecida, deixava o ar perfumado com aromas convidativos das iguarias ali oferecidas. A luta era pela fila dos mais novos, pois a fila de idosos dava voltas no salão. Todos se alimentaram a contento, e eu, que não sou de comer muito, voltei à sagrada mesa para provar do majestoso “Gadus morrua”, o popular bacalhau, que estava divino e nos lembrava as noites de fado de Amália Rodrigues, nos restaurantes de Lisboa, acompanhado com o gostoso vinho alentejano. O bolo e seus acompanhantes faziam a alegria dos coroas, e todos degustaram aquelas doçuras proibidas. A saideira foi o gostoso cafezinho com bolinhos de chocolate e doces casadinhos. Como sói acontecer, os comensais se despediam do iluminado e, depois dos abraços, recebiam um livro editado para a ocasião, com o título: “Relicário”.
          Como dizem os franceses “nos pequeninos frascos é que existem as grandes essências”. O livro é pequenino, mas sua alma essencial é grandiosa e povoada de quadras antológicas, que nos inebriam a todos e nos fartam de poesia, romance e do divino amor às letras. 
          Parabéns mano! Vida longa e toda inspiração do mundo.
          Realmente ele aniversariou e nós ganhamos o presente: o Relicário.

Nenhum comentário:

Postar um comentário