terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Prêmio Nacional Antenor Nascentes

                                                                                             Imagem inline 1

  Como eterno aprendiz, busco a intersecção   do equilíbrio entre a verticalidade do Amor  e a horizontalidade da paz. 
José Carlos Gentili



REGISTROS DE REFLEXÕES
  
 “O HOMEM TEM A DIMENSÃO DE SEU PENSAMENTO”
 José Carlos Gentili

A minha vinda para o Planalto Central é algo esotérico, inenarrável no contexto do universo exotérico. 
Aos treze anos, eu já editava um semanário – O Quarteirão, que circulava de forma restrita na Porto Alegre dos Casais, num bairro antigo, recanto de intelectuais, o Alto da Bronze, de tantas memórias.               
Aos vinte, eu já era um homem velho!
Senhor de cutelo e baraço das minhas vontades e decisões, era submisso ao Alto, tão somente.
Dizem os metafísicos que as nossas almas, regentes de nosso viver, são espíritos redivivos no tempo e no espaço.
Em verdade, eu não sou dono de mim, mas simples passageiro agônico, vivente de um momento, porque o tempo não existe, vez que ele é uma criação dos homens.
O acaso me levou ao canteiro de obras da Capital da Esperança, no dizer de André Malraux, nos albores da sua criação, quando a minha alma, em êxtase, se reencontrou consigo mesma.
Vim para ficar, vim para ajudar, para edificar e sedimentar um novo processo civilizatório. Este foi o sentimento que invadiu o meu ser, de forma avassaladora e imperial.
Talvez, a saga do Amanhã.
 Maktub!  Estava escrito...
Apesar de ser gaúcho de nascimento, o Nordeste sempre me encantou com sua cultura, com a sua música, com a sua alegria de viver, com a magia de seu litoral, com seu povo aconchegante e hospitaleiro. “O sertanejo é, antes de tudo, um forte”, como afirmava Euclides da Cunha em o Sertões.
Convivi com Câmara Cascudo e fui apaixonado pela singeleza do armorial de Suassuna, gênios que habitaram o meu espírito, marcando-me para a eternidade.
Hoje, eu tenho raízes profundas fincadas no agreste brasileiro, a feitio de mandacarus que sobrevivem à seca e à todas as vicissitudes vivenciais de seu gentio.
Assim, no dia de Santa Luzia, 13 de dezembro, quando a sertaneja Exu, festejava internacionalmente o centenário de nascimento de seu filho mais ilustre – Luiz Gonzaga, a municipalidade e o Estado de Pernambuco me convidavam a lançar o romance Lagoa dos Cavalos, denominação toponímica daquela cidade.
Festa de luzes e cantoria durante uma semana para o Brasil e para o mundo.
Lagoa dos Cavalos é um romance histórico, onde a fantasmagoria da ficção se entrelaça com a história de nosso país, registrando a criação da Guarda Nacional, cópia da francesa Garde Nationale, implantada por um dos homens probos desta nação – Padre Antônio Feijó, célebre Regente, filho de um padre.
O romance mostra-nos as razões porque o Brasil é um país continental, falante da Língua de Camões, harmônico com sua população multifária, de credos, cores e idiossincrasias.
Por sua vez, a obra - A infernização do hífen nasceu em Brasília, quando a Academia de Letras de Brasília realizou evento imperdível no estudo da língua portuguesa – Simpósio Linguístico da Língua Portuguesa, reunindo as cabeças-pensantes do idioma, congregando os nove países lusófonos.
A temática foi: O POVO, A LÍNGUA E A GNOSE, celebrando-se o Dia Mundial das Línguas!
Como mero ouvinte e atento observador das falas magistrais dos filólogos e gramáticos presentes, convenci-me que algo deveria ser feito, ou seja, a busca das origens da hifenização.
Iniciou-se, então, imensa pesquisa na Torre do Tombo, na biblioteca da Academia das Ciências de Lisboa, na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro; assim, perambulei à busca de dados. Pesquisa autodidática, incansável, procurando-se nos desvãos das entrelinhas dos livros e alfarrábios o princípio da hifenização.
No Condado Portucalense o Rei D. Dinis e seus sucessores desconheciam o execrável hífen.
A obra em comento traz luz às sombras infernais da hifenização, explícitas na língua de Camões e, na francesa, revigorada pelo Rei Francisco, que a fixou pela Ordennance de Villers-Cotterêts, em 1539, na França.
Os livros têm o seu próprio destino (habent sua fata libelli) no dizer do gramático latino, Terenciano.
Dos 210 milhões de brasileiros, somos uma vintena!
Partícipes da quase tricentenária Casa do Barão de Lafões -  Antiga Academia Real de Letras de Portugal, hoje Academia das Ciências de Lisboa, encontro-me irmanado com intelectuais brasileiros que receberam esta honraria, quais sejam, por ordem de posses: Cleonice Serôa da Mota Berardinelli, José Sarney, Lygia Fagundes Telles, Marcos Vinicios Vilaça, Antônio Paim, Erwin Theodor Rosenthal, Gilberto Mendonça Teles, Arnaldo Niskier, Nélida Piñon, Arno Wehling, Evanildo Cavalcante Bechara, Alberto da Costa e Silva, Massaud Moisés, Fernando Henrique Cardoso, Antônio Gomes da Costa, Vamireh Chacon Albuquerque, Ana Maria Machado, Geraldo Holanda Cavalcanti, José Carlos Gentili,  Domício Proença Filho, Deonísio da Silva, Celso Augusto da Silva, Renato Galvão Flores, Merval Pereira e Marco Lucchesi.
Não sou um acadêmico ocasional, passageiro, meramente figurativo; mas, ao contrário, participo ativamente das lides acadêmicas de Além - Mar.
A mais recente comunicação, a pedido do Presidente Artur Anselmo, tratou de uma temática assaz polêmica e instigante: – O Futuro da Europa passará também pelo Brasil?
Às favas a futurologia, razão pela qual se examinou a questão sob o foco da União Europeia, que há 60 anos se consolida, desbancando a ONU, ora em declínio, mostrando que os mercados mundiais se voltam para o Velho Mundo. Assim, nasceu mais um livro, a ser lançado com este título, onde o ledor navegará pelos meandros do poder no mundo. 
A Academia Brasileira de Filologia, em 2017, entendeu distinguir a obra A Infernização do Hífen, de minha autoria, com o Prêmio Nacional Antenor Nascentes, honraria jamais pensada.
Na condição de pioneiro da Capital da Esperança desejo dedicar esta premiação a Brasília, uma vez que sou o primeiro candango a receber um laurel literário nacional, a quem devo infinita acolhida telúrica.
Amo Brasília! Amo o Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, no dizer de Humberto de Campos em mensagem mediúnica.   
Por que o Brasil não tem um único Prêmio Nobel de Literatura? –   indaga-me o ávido e ilustre leitor destas reflexões.
Quiçá a resposta se encontre nas profundezas ignotas dos meandros político-sociológicos, onde o destino repousa nos braços do acaso, sob as vistas das oportunidades, que regem o universo dos acontecimentos.
Anos passados, por estes acontecimentos do destino, fui privilegiado por ter sido recebido na Svenska Akademien, na Suécia, pelo ilustre Odd Zschiedrich, que me ofereceu o tradicional “chá das cinco” em inesquecível e fidalga visita. Hoje, o norueguês Odd, a quem dedico  especial atenção, é o poderoso Mestre de Cerimônias da Casa Real, em Estocolmo.
A seguir, passei a conhecer esta instituição, a qual dediquei o livro de poesias, Universo do Verso, que elenca os poetas agraciados; obra, também, com edição espanhola, prefaciada pela dirigente da Universidade de Salamanca doutora  professora Ascención Rivas Hernández.
O único escritor da língua portuguesa a ser agraciado com o laurel foi o português José Saramago, literato de indiscutível valor e nomeada.
Vaidades à parte, seria maravilhoso se um escritor brasileiro viesse a receber o galardão.
Inúmeros e extraordinários literatos do Brasil reúnem condições de serem agraciados, pois têm visibilidade internacional e um conjunto de obras com dimensão de meritocracia.  São muitos, velhos e novos escritores, cuja nominação seria um ato imperdoável, face à viabilidade de omissões ocasionais.
José Saramago foi lapidar e categórico a respeito deste assunto, sempre polêmico:
“Não existe a língua portuguesa. Existem línguas em português.”

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