quarta-feira, 28 de maio de 2014

Artiguete sobre o acordo

Em 1946, a ONU estabeleceu como línguas oficiais da organização: o inglês, o francês, o espanhol, o russo, o árabe e o chinês, fixação vigente até hoje. Quais foram os critérios deste processo seletivo? Dimensão territorial? Razões políticas? Poderio bélico e armamentista? Índices populacionais? Riquezas petrolíferas e minerais de uma forma geral? Poder atômico? Enfim, indagações díspares ornam o indecifrável  fixador linguístico, que navega ao sabor da preponderância dos impérios.

“A língua transporta valores”, no dizer do lusitano Adriano Moreira, ilustre confrade da Academia de Letras de Lisboa.

E a Língua Portuguesa continua sob duas versões: a vertente portucalense, arraigada ao saudosismo medieval com seus dez milhões de falantes; a outra, a do Brasil, ex- colônia lusitana, com quase cerca de duzentos e  cinquenta milhões de habitantes, ora oitava economia mundial, falando a Língua Brasileira. Ufanismo à parte. Ora, pois, pois...

E para que serve o Acordo Ortográfico ungido sob o manto do Decreto 6.583, de 29.09.2008, celebrado por Lula, estratégica e politicamente, quando afirmou- “ Hoje é um dia marcante para a nossa linda literatura”, naturalmente orientado por sua assessoria palaciana.

Rendeu dividendos! – honoris causa pela outrora tradicional Universidade de Coimbra.
Críticas transoceânicas, de parte à parte, questões semânticas de toda ordem, determinaram que a Presidente Dilma Rousseff, ouvidos o Ministério da Educação, a Casa Civil da Presidência da República, o Ministério das Relações Exteriores, editasse o Decreto n° 7.875, em 27.12.2012, elastecendo o período de transição de 1° de janeiro de 2009 até 31 de dezembro de 2015.
Os críticos da hifenização e de vários pontos discordantes e polêmicos exultaram com a visualização de futuros reestudos. A Academia Brasileira de Letras registrou seu inconformismo pela fala do douto acadêmico Arnaldo Niskier.

Verdadeira Guerra de Pirro!

Será que os políticos acreditam que o acordo poderá redundar na inclusão da Língua de Camões como idioma oficial junto à ONU?  Vã ilusão.
As línguas não são regidas por decretos além-mundos!

José Carlos Gentili

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